Dez pensamentos sobre preços
- Sobre preços de traduções, conheço este texto, do Jorge Rodrigues este, do SINTRA, e as diversas tabelas das Juntas Comerciais, encontradas nos sites de cada uma.
- As tabelas das Juntas se aplicam exclusivamente a traduções juramentadas. Nada impede que você cobre suas traduções não juramentadas com base nessas tabelas, mas ninguém é obrigado a cobrar ou pagar esse preço. Se você não for juramentado, não pode fazer traduções juramentadas e acabou a história.
- O SINTRA não tem autoridade para obrigar ninguém a cobrar ou pagar os valores de referência que publica. Muitas vezes, as agências cobram de seus clientes esses mesmos preços, o que significa que têm de pagar a seus tradutores bem menos do que isso. Algumas editoras pagam esses valores, mas são a elite da elite e trabalhar para elas é coisa para caninos de grande porte. A maioria paga menos, bem menos. Pensa, assim, em coisa de $25,00 por lauda, para uma editora, assim você tem menos decepções.
- As editoras consideram o pagamento por lauda a remuneração total devida ao tradutor e, depois de um forrobodó imenso havido com uma tradutora, agora fazem constar essa disposição nos contratos. Quer dizer, venda muito ou venda pouco o livro, o que o tradutor recebe é o preço por lauda. Creia-me: na maioria das vezes, é mais vantajoso para o tradutor. Ainda escrevo sobre isso, mas não hoje.
- As agências brasileiras seguem os padrões claramente expostos no texto do Jorge, citado aí acima. Cobrar, de qualquer cliente que seja, menos do que as taxas de agência é antieconômico.
- As agências estrangeiras chegam lá aos US$0,15 no máximo, mas a maioria paga menos. De vez em quando, me aparece uma agência indiana oferecendo US$0.01 por palavra. Mas assim, também é menos demais, se me faço claro.
- Para clientes diretos, cobra-se qualquer coisa entre preço de agência e SINTRA. Cobrar preço de agência para cliente direto dá prejuízo, porque trabalhar para agência dá menos trabalho do que trabalhar para cliente direto. Por isso, a regra é mais para mais do que para menos.
- Pessoas físicas costumam ficar escandalizadas com preços de traduções. Reclamam que cobramos muito e que não podem pagar tudo isso. É seu direito cobrar quase nada por um serviço para uma pessoa física, mas não é sua obrigação: quem paga o supermercado é você, não o cliente. E você também não pode pagar férias nas Bahamas e nem por isso chama o dono da agência de viagens de ladrão, explorador do povo e quetais.
- Algumas pessoas físicas escreveram livros que acham magníficos e que vão estourar nas vendas da Amazon, se você traduzir para uma língua estrangeira. Oferecem, pelo seu serviço, uma porcentagem nas vendas, que esperam serem estrondosas. Fuja correndo. O sonho deles de ter um livro publicado pode se transformar no teu pesadelo de ter de pagar o supermercado.
- Cobre o máximo que puder. Cobrar caro não é desonestidade. Desonestidade é roubar na conta.
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